Natal é a lareira à meia noite, um belo copo de Wyskey (sim, com "ey" como se escreve na Irlanda, como se destila três vezes e se amadurece oito anos em casco como na Irlanda!) e a boa música que não nos ofende a inteligência nem os ouvidos.
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da música, sobre a música e para a música
Imagem: célula Sumiko Oyster a fazer a leitura de um LP.
Mas porquê esta resistência toda do vinil? O que faz o vinil ser melhor do que os outros formatos? Até porque deveria estar já morto e enterrado! Senão, vejamos:
Não é mais portátil - um LP é grande, metido num envelope quadradão; não se pode ler num leitor portátil pois um dos princípios mais importantes sobre a leitura do vinil é a estabilidade, a ausência de interferências mecânicas durante a leitura.
É mais frágil - parte com mais facilidade que um CD, suja-se com mais facilidade, risca com uma facilidade incrível, ganha electricidade estática e é passivel de se gastar com o tempo! (principalmente se lido com uma agulha montada num braço mal afinado).
Não é mais universal que um CD - os gira-discos escasseiam, não se encontram por aí à venda em qualquer superfície comercial; os discos idem-aspas; as novas edições que também gravam em vinil são pouquíssimas, se bem que muitas editoras já começaram a entrever um nicho de mercado em reflorescimento.
É mais caro e mais lento gravar em vinil que em CD - a gravação de vinil, ou seja, a prensagem, é um processo algo complexo quando comparado à gravação em série de milhares e milhares de CD's por uma editora; depois, qualquer um de nós grava em casa um CD virgem que custa menos que meio euro.
A boa leitura de vinil, com qualidade de reprodução, depende de uma série de factores difíceis de controlar: a boa qualidade da prensagem da gravação, a estabilidade do gira-discos, a qualidade de construção do gira-discos, o mecanismo de rotação (motor, correia, etc.) em bom estado e a manter um ritmo certissimo, a qualidade e afinação do braço, a inércia do prato, a qualidade e estado da célula e do estilete (a "agulha"), a qualidade e estado dos cabos, a pré-amplificação e amplificação e a tradução mecânica do som (colunas).
Se tudo isto estiver bem, um disco dará anos e anos de prazer de audição sem limites. Pois um disco de vinil é um verdadeiro "master". Nele estão inscritos mecanicamente todos os elementos da Música.
Ouçam e comparem. O próximo post voltará a abordar este assunto.
Nursery Cryme, Virgin Records, 1971. Tem edição remasterizada de 1994. Tem o clássico "The Musical Box", considerado por muitos o hino que melhor define o espírito do Rock Progressivo. Tem temas como "The Return of the Giant Hogweed" e "Fountain of Salmacis", que parecem piscar o olho ao Heavy Metal, como bisavôs distantes que imaginam o futuro da sua linhagem.
Este disco é o futuro no passado!
Desengane-se quem pensar que Vanessa é mais uma cara bonita no panorama musical brasileiro. De facto, é bonita, tem um penteado louco, mas anda nisto da música há muitos anos e de uma forma séria e compenetrada. Nascida em 1975 numa pequena cidade do Mato Grosso, apenas em 2002 editou o seu primeiro álbum, homónimo. O segundo, "Essa Boneca Tem Manual", é de 2004. E o que andou Vanessa a fazer entretanto? A compor! Para nomes como Maria Bethania, Chico César ou Daniela Mercury, e a colaborar com Milton Nascimento e Ana Carolina.
De facto, a sua desenvoltura e simplicidade em palco, deixam transparecer um espírito humilde de uma cantora completa, que vem contrariar o marasmo clássico da MPB em que a menina cantava sempre a música de outro compositor.
A MPB está bem entregue, enfim!
Êxitos como Schwarze Barbara ou Blau Blüht Der Enzian fazem as delícias de qualquer apreciadora da música popular alemã (que, aliás, é uma das mais pimba do Mundo, talvez só ultrapassada pela polaca).
E as capas dos seus discos são simplesmente, fabulosas! Em cima, um dos clássicos do género pimba, o Amor de Mãe. Veja-se as rosas vermelhas e a expressão carinhosa na cara do Heino.
O amor do seu caniche também parece ser importante para Heino. É de partir o coração!
Mas reparem que o artista parece estar mais contente com o cão do que com a mãe. Pudera! Anda uma mãe a criar um filho para isto, como é que não haveria ressentimento? Aquele olhar distante sobre o ramo de rosas vermelhas (numa clarissima alusão a José Malhoa) como que a dizer - "olha o que fizeste de mim, sua matrona pindérica!" não tem preço.
Isto equivale a um primeiro lugar dos paraolímpicos, mas na música! É louvável que as pessoas que não têm laringe não deixem, só por isso, de cantar! E deve dar um efeito bonito! Parabéns aos laringectomizados de Espanha!
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"This is the end of men's long union with earth"
"Why don't you touch me?"
"You yourself are just the same / As what you see in me"