Ora se eu for trabalhar embriagado, o mais certo é ser despedido. E se enquanto o fizer, causar danos a terceiros, o mais certo é ter que os ressarcir dos danos causados.
Estas demonstrações "gratuitas" de estados translúcidos por parte dos profissionais da arte de fazer música só são justificáveis na medida em que os ajude a superarem-se, a darem o seu melhor, a mostrarem a profundidade da sua arte. Como tal, até posso admitir a utilidade do LSD durante as décadas de 60 e 70, que muito contribuíram para algumas das melhores criações da humanidade. Até posso desmistificar o uso de marijuana e outras substâncias que tenham algum tipo de efeito não demasiado deletério dos estados de consciência. Mas o álcool em excesso que a senhora Winehouse ostenta, é injustificável, imperdoável. É um péssimo exemplo que parte de uma pessoa com uma grande visibilidade mundial e uma enorme aceitação por parte do público. É uma péssima influência num mundo em que o álcool, apesar do seu consumo excessivo ser um perigo enorme para a saúde pública, continua a ser socialmente aceite sob o olhar condescendente de todos nós.
E lembra-me, também, que a rejeição da legalização, despenalização e liberalização das substâncias portadoras de canabinol continua a ser uma enorme hipocrisia. Pois que uma Amy charrada até seria capaz de cantar e montar um bom espectáculo, e bebada não. Pois que, por mais que seja desaconselhável para ambos os casos, preferia cruzar-me na estrada com alguém que tivesse consumido uma dose razoável de marijuana do que com um alcoolizado.