Depois de uns meses de interregno literário, eis-me de novo de volta ao Continente Europeu, prenhe de sons cabo-verdianos . Infelizmente, a capacidade editorial daquele belo país insular não lhe permite escoar para o mercado internacional. Até no mercado interno se torna difícil adquirir música. Os álbuns são caros e não se vendem em lado nenhum e eu ainda tive algum pejo em comprar música em escaparates de cafés e bombas de gasolina, um pouco à semelhança do que se faz por cá com o bom e velho Quim Barreiros. A única loja de música digna desse nome, encontrei-a fechada e com evidentes sinais de abandono, na capital Cidade da Praia. Portanto, vim de lá com dois CD's gravados e o desejo de voltar para retomar muito do que lá ficou.
É, no mínimo, inquietante que, num país sem grandes recursos naturais e onde a Cultura podia e devia assumir o papel de principal produto de interesse turístico e de exportação, não haja grande dinâmica na divulgação e perpetuação dessa cultura. Obras literárias de referência da literatura de Cabo Verde estão esgotadíssimas nas livrarias e sem reedições à vista. Tudo o que se produz lá, e que nem é tão pouco quanto isso, fica mesmo por lá, à falta de uma visão estratégica de promoção cultural. Parecido com Portugal, mas numa escala ainda mais castradora. Pelo menos, o estrangeiro que cá venha, ainda pode sair daqui com uma bela panóplia de discos de boa música portuguesa debaixo do braço, desde que bem informado e orientado por alguém que perceba da poda.
Teria sido uma viagem musicalmente quase infrutífera se não tivesse tido oportunidade de almoçar acompanhado por um conjunto de formação espontânea que pegou nas suas guitarras para animar o tasco, ou se não tivesse ouvido o primeiro mas promissor álbum da cantora Isa Pereira, o "Kriola Enkantu", que nos fala, em 11 músicas, das 10 ilhas do arquipélago e dos caboverdianos da Diáspora. Recomendadíssimo em termos artísticos, musicais e técnicos, é um álbum mágico, que nos prende a atenção quer pela sensibilidade da voz da Isa, que partilha a sua actividade de cantora com o secretariado ao Primeiro Ministro, quer pela qualidade da instrumentação, irrepreensível em termos melódicos, rítmicos e harmónicos.
Poderia dizer que infelizmente só será possível ouvir esta pérola musical se o ilustre leitor se deslocar a Cabo Verde, mas não digo, pois vale bem a viagem!
É, no mínimo, inquietante que, num país sem grandes recursos naturais e onde a Cultura podia e devia assumir o papel de principal produto de interesse turístico e de exportação, não haja grande dinâmica na divulgação e perpetuação dessa cultura. Obras literárias de referência da literatura de Cabo Verde estão esgotadíssimas nas livrarias e sem reedições à vista. Tudo o que se produz lá, e que nem é tão pouco quanto isso, fica mesmo por lá, à falta de uma visão estratégica de promoção cultural. Parecido com Portugal, mas numa escala ainda mais castradora. Pelo menos, o estrangeiro que cá venha, ainda pode sair daqui com uma bela panóplia de discos de boa música portuguesa debaixo do braço, desde que bem informado e orientado por alguém que perceba da poda.
Teria sido uma viagem musicalmente quase infrutífera se não tivesse tido oportunidade de almoçar acompanhado por um conjunto de formação espontânea que pegou nas suas guitarras para animar o tasco, ou se não tivesse ouvido o primeiro mas promissor álbum da cantora Isa Pereira, o "Kriola Enkantu", que nos fala, em 11 músicas, das 10 ilhas do arquipélago e dos caboverdianos da Diáspora. Recomendadíssimo em termos artísticos, musicais e técnicos, é um álbum mágico, que nos prende a atenção quer pela sensibilidade da voz da Isa, que partilha a sua actividade de cantora com o secretariado ao Primeiro Ministro, quer pela qualidade da instrumentação, irrepreensível em termos melódicos, rítmicos e harmónicos.
Poderia dizer que infelizmente só será possível ouvir esta pérola musical se o ilustre leitor se deslocar a Cabo Verde, mas não digo, pois vale bem a viagem!