15 dezembro, 2006

Fire at midnight

Não há mais pachorra para a musiquinha de natal que nos entra pelos ouvidos nas ruas, nas lojas, nos elevadores, na televisão... tudo sempre o mesmo, desde as velhíssimas interpretações de clássicos aos êxitos pop como os da Mariah Carey ou dos famigerados Wham. Juro que cada vez que ouço "Last Christmas / I send you my heart" ou "All I want for Christmas is you" dá-me vontade de perverter o espírito natalício e agredir o próprio Pai Natal com os cornos da rena! Toda esta audiorreia roufenha só me transforma o Natal em algo amorfo e consumista. Pois para mim o Natal nada tem a ver com as ruas cheias de gente e barulho e lojas e embrulhos e empurrões e notas de 100 a abanar em frente à caixa. Nada disso é a paz, nada disso inspira a reflexão e o conforto que nos devemos por estas alturas, para medir os nossos actos e relações de mais um ano passado. Já para não falar do aspecto religioso, que isso iria dar azo a muitos e muitos paragrafos a dissertar sobre hipocrisia e cinismo.
Natal é a lareira à meia noite, um belo copo de Wyskey (sim, com "ey" como se escreve na Irlanda, como se destila três vezes e se amadurece oito anos em casco como na Irlanda!) e a boa música que não nos ofende a inteligência nem os ouvidos.
Por isso, sempre que me perguntam qual a minha música de Natal preferida, eu não tenho dúvidas em eleger o "Christmas Album" dos Jethro Tull (2003).
Foi através desta fabulosa compilação de temas que Ian Anderson realizou, alguns da banda e outros, adaptações de clássicos de Natal, que eu encontrei a banda sonora perfeita para a época, e que já me acompanha há 3 natais. A flauta transversal de Ian Anderson é sublime na redefinição de uma nova roupagem para clássicos como Holy Herald ou God Rest Ye Mery Gentlemen. Os arranjos e o ritmo, sempre com a jazzística típica de Jethro Tull, fazem o resto, unindo os espíritos em torno da música. De resto, mesmo velhos clássicos da banda, como Fire at Midnight, Bourée ou Ring Out Solstice Bells assentam como uma luva na nova roupagem natalícia que os Tull lhes teceram. E a qualidade do som é magistral. Tudo soa timbricamente correcto, dinâmico, equilibrado.
Concelho: se não encontrarem este album, não se deixem levar pela normalidade do Natal. Ouçam boa música Celta ou, que raios!, Bach, Schubert... tanta coisa boa para ouvir! Dai paz aos vossos ouvidos este Natal!

12 dezembro, 2006

Meloteca

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