18 novembro, 2006

Vinil Forever!

As guerras de formatos em registo audio só serviram para fazer aperfeiçoamentos mínimos nos registos digitais, chegados que estão ao limite das suas potencialidades. Nem CD, nem DVD-audio nem Super Audio CD (SACD) nem o proclamado Blue-Ray poderão fugir à sombra dos lasers a funcionar num ambiente extremamente instável a uns milímetros do suporte que roda a uma velocidade incrível e com movimentos de oscilação, nem aos mecanismos de correcção de erro (jitter) nem aos conversores digital-analógico (DAC). O facto é que os formatos digitais, embora práticos e com boa qualidade geral de gravação/reprodução, não vão evoluír mais. Já para não falar desse assassino da múscia que é o MP3, verdadeiro talhante de frequências, empilhador de informação...
É opinião geral, nos meios em que se movimentas as pessoas que gostam de música e de sons, que a sonoridade digital é fria, raramente consegue transcrever as subtilezas da música, dar "aquela" emoção às passagens mais dinâmicas, aquele calor à voz ou o timbre certo ao vibrar de uma corda de guitarra.
Falta algo!
Por isso, os audiófilos nunca se entusiasmaram em excesso pela venda dos seus gira-discos e dos LP's antigos quando, em 1983, o CD saíu para o mercado. Mesmo depois da primeira dezena de anos passados, quando a qualidade de gravação dos CD's e de reprodução aumentaram, por via de um refinamento de todo o processo electrónico e mecânico no tratamento do input e do output, os audiófilos abandonaram o vinil. Tinham razão. Assistimos agora ao regresso em glória do bom e velho LP. O formato caseiro que sobreviveu aos outros todos e continua, na medida do possível, a ser o mais acusticamente perfeito, talvez só suplantado pelos gravadores magnéticos profissionais de bobines.


Imagem: célula Sumiko Oyster a fazer a leitura de um LP.

Mas porquê esta resistência toda do vinil? O que faz o vinil ser melhor do que os outros formatos? Até porque deveria estar já morto e enterrado! Senão, vejamos:

Não é mais portátil - um LP é grande, metido num envelope quadradão; não se pode ler num leitor portátil pois um dos princípios mais importantes sobre a leitura do vinil é a estabilidade, a ausência de interferências mecânicas durante a leitura.

É mais frágil - parte com mais facilidade que um CD, suja-se com mais facilidade, risca com uma facilidade incrível, ganha electricidade estática e é passivel de se gastar com o tempo! (principalmente se lido com uma agulha montada num braço mal afinado).

Não é mais universal que um CD - os gira-discos escasseiam, não se encontram por aí à venda em qualquer superfície comercial; os discos idem-aspas; as novas edições que também gravam em vinil são pouquíssimas, se bem que muitas editoras já começaram a entrever um nicho de mercado em reflorescimento.

É mais caro e mais lento gravar em vinil que em CD - a gravação de vinil, ou seja, a prensagem, é um processo algo complexo quando comparado à gravação em série de milhares e milhares de CD's por uma editora; depois, qualquer um de nós grava em casa um CD virgem que custa menos que meio euro.

A boa leitura de vinil, com qualidade de reprodução, depende de uma série de factores difíceis de controlar: a boa qualidade da prensagem da gravação, a estabilidade do gira-discos, a qualidade de construção do gira-discos, o mecanismo de rotação (motor, correia, etc.) em bom estado e a manter um ritmo certissimo, a qualidade e afinação do braço, a inércia do prato, a qualidade e estado da célula e do estilete (a "agulha"), a qualidade e estado dos cabos, a pré-amplificação e amplificação e a tradução mecânica do som (colunas).

Se tudo isto estiver bem, um disco dará anos e anos de prazer de audição sem limites. Pois um disco de vinil é um verdadeiro "master". Nele estão inscritos mecanicamente todos os elementos da Música.

Ouçam e comparem. O próximo post voltará a abordar este assunto.

3 comentários:

tripeiro invicto disse...

bah!!!o vinil é muito giro, mas não dá para usar no carro!Já viste o tamanho disso?Provavelmente era obrigatório o uso de um autocolante no carro. "Perigo de saltar a agulha". Isto para não falar da qualidade das nossas estradas, o disco estava sempre a saltar e nao se conseguia ouvir uma musica até ao fim. Provavelmente era preciso uma bateria só para o gira discos.
Gira o disco e toca o mesmo!abraço

Anónimo disse...

Sempre a paixão que o move...pela música*

Anónimo disse...

Excelente! Como eu gostava (há muitos uns anos...) de ligar o gira discos para ouvir Pink Floyd... Bons tempos!