03 março, 2006

Eu... vou ali e ja venho!

Quando Pedro Abrunhosa lançou o "Viagens" em 1994, alcançou um nicho estreito mas sortudo de sucesso no panorama comercial da música portuguesa. O album era e continua a ser um bom trabalho de fusão, a piscar o olho ao Acid Jazz, ao BeeBop, ao HipHop e ao Funk, com o irrepreensível saxofone de Maceo Parker. Muito expontâneo, muito "cool". As próprias baladas são coerentes e a melodia é bem trabalhada. Vê-se que foi um trabalho despreocupado de um músico com muita formação, que estava longe de imaginar o sucesso que iria alcançar.
Daí para cá, foi sempre a descer. Falta de inspiração? Não!
Sempre disse e continuo a dizer que o grande defeito de Pedro Abrunhosa é o perfeccionismo. E que esse perfeccionismo tem aumentado continuamente desde o "Viagens", resultando agora na sua obra mais "perfeita" de sempre, em que o artista se libertou completamente do peso de enfiar muitas notas numa música, ou de escrever um refrão com mais de um verso: o "Eu estou aqui".
A musiquinha é, claro está, incompreendida por nós, que somos ignorantes na matéria. Abrunhosa, pelo contrário, está muito à frente do seu tempo, pois sabe que as músicas com dois acordes são, inquestionavelmente, o futuro da música em todo o Mundo. E mais! - que fazer músicas de propósito para publicitar bancos é, realmente, o corolário do seu trabalho. Daí a perfeição!
Pedro, se me estiveres a ler, por favor, liberta-te do estigma da perfeição! Volta a fazer cenas "cool". Deixa de cantar e volta a dar "aquele" Ritmo Às Palavras que fazes tão bem! Senta-te um pouco e pensa, enquanto ouves Dizzy Gillespie, que não há nada melhor no Mundo que fazer a tua cena como te vem na altura.
Até porque o País precisa de ti em grande forma, pá: o Cavaco voltou!

3 comentários:

Anónimo disse...

A grande inspiração dele era o heroismo! Como sabes esta rua tira a imaginação a qualquer um senao vejamos....!!! ele a escrever uma música através da janela dele no heroísmo. Uma puta velha a cravar um cigarro, uma puta preta a ouvir música de um telemóvel.Um ucraniano a mijar contra um carro. Um grupo de gunas a roubar um carro. Um grupo de velhas a ir ao stop para dançar e engatar...
como podes verificar isto não dava uma grande música

Anónimo disse...

pois eu acho que dava repara bem:lê tudo o que escreveste com uma música de fundo dele e verás que faz sentido voltar à velha "inspiração". Para além disso, a inspiração não se tratava de heroismo, mas sim heroína.

Rui Valdiviesso disse...

Muito bons comentários, sim senhor!